5 mitos sobre a população de rua que muitas pessoas acreditam

Muitas pessoas acabam acreditando em várias mentiras como que todos usam droga, que são ladrões ou que não trabalham. Vejam 5 mitos sobre a população de rua.

4 min de leitura
5 mitos sobre a população de rua que muitas pessoas acreditam

NA RUA AS PESSOAS NÃO PASSAM FOME

Muitas pessoas dizem que as pessoas que estão nas ruas não passam fome, pois o Bom Prato é de fácil acesso, há muitos projetos que entregam comida nas ruas e também muitas pessoas pagam marmitas nos restaurantes para quem está na rua.

Eu mesmo, durante uma palestra sobre o SP invisível assumo que cometi esse erro. Porém, os tempos mudaram e a fome voltou para as ruas, principalmente com a pandemia onde vimos cada vez mais pessoas comendo do lixo, as ruas sem água, os restaurantes fechados.

A fome é uma realidade e precisa ser combatida com campanhas e políticas públicas, pois aumentou muito o número de pessoas nas ruas nos últimos dias.

TODO MUNDO USA DROGA

Essa é uma das maiores mentiras que ouvimos nas ruas. Primeiro é interessante desmistificar a questão de que muitas pessoas acham que quem vai para a rua é por causa do crack. O Crack é consequência das ruas, não a causa. As pessoas vão para as ruas por diversos motivos como oálcool, família e emprego e algumas conhecem o crack.

A maior droga usada na rua ainda é o álcool, mas muitos conseguem conviver com esse vício e ainda trabalhar com carroça, bicos, vendendo bala e ter suas responsabilidades. Assim como quem tem uma vida fora das ruas. Já parou para pensar nisso?

O trabalho é um fator importantíssimo na vida de quem vive nas ruas. Ele faz muitos saírem das drogas, lidarem melhor com seus vícios e saber lidar melhor com sua identidade e seu momento. Tanto que uma última política efetiva de combate ao vício e redução de danos das drogas foi através de dois eixos, trabalho e habitação, o Braços Abertos.

ESTÃO NA RUA PORQUE QUEREM

Sobre isso, nem precisamos falar muito né. Nosso projeto do SP Invisível desmistifica essa mentira todos os dias, quando contamos milhares de histórias de pessoas que querem sair das ruas.

Pessoas vão para as ruas por causa de muitos motivos: dependências, desavenças familiares, solidão, saúde mental, há pessoas que saem do sistema carcerário e a cidade não sabe acolher, por migração e ilusão de trabalho. Enfim, vários motivos.

Porém, há também as pessoas que querem estar na rua ou, às vezes, nem quiseram chegar lá, mas gostam da dinâmica que a rua tem, não tem mais muitas perspectivas e querem ficar por lá. É uma minoria, mas existe e deve ser respeitada.

Nem por isso, são vagabundos ou não trabalham. Pelo contrário, conhecemos muitas histórias de pessoas que quiseram estar na rua e mandam dinheiro para seus pais, amigos, ajudam pessoas, trabalham. Cada história é única. Porém, a maioria das pessoas quer sair da rua. Existir essa pequena parcela não pode nos impedir de agir.

TODO MUNDO ROUBA

Essa é a maior mentira que reproduzem. Uma porcentagem muito mínima da rua comete pequenos assaltos e dessa parcela, a maioria é dependente químico que faz pequenos furtos, que não se justificam, mas explicam. Porém, os programas televisivos pegam uma história de algum assassinato ou filmam a Cracolândia de cima, com uma narração criminalizadora e generalizam todas as histórias. Muitas pessoas acabam reproduzindo essa mentira. Vamos parar com isso e ver as histórias.

Inclusive, outro dia contamos a história do Maivei que achou centenas de milhares de reais numa caçamba de lixo em cheques e devolveu para a polícia. Ficou de frente com a chance de comprar uma casa, sair da rua, mas sua honestidade falou mais alto! O que você faria nessa situação?

TODO MUNDO JÁ ERA POBRE ANTES DA RUA

Se você pensa isso, tem certeza que você já leu nossas histórias? Na rua, tem muitos médicos, engenheiros, arquitetos, gente que foi até mais rica do que nós que temos uma casinha, mas que foram para as ruas pelos mais diversos motivos. E essas especialidades, formações e técnicas poderiam muito bem ser aproveitadas nas políticas públicas e projetos, mas acabamos desperdiçando.

Muita gente fala mais de uma língua, há pessoas que são poliglotas e poderíamos aproveitar essas pessoas para darem aula de inglês, francês, espanhol. Há muitas possibilidades, mas nunca pense que todo que está na rua era pobre. Sim, há uma questão estrutural que leva mais pobres para as ruas. A maioria era periférico, mas não todos. Pensa quantos ceo’s de empresa tem problemas com alcoolismo e nem por isso vão para a rua, mas quantos peões de obra perdem seus empregos por alcoolismo? Procure ler as histórias e ouvir nas ruas!

Na mídia

    Todos os direitos reservados © 2024
    Designed by

    Whatsapp

    Por favor, preencha os campos abaixo para acessar o nosso atendimento via WhatsApp.