Luciana Letícia, a Poetisa das ruas

A arte está muito presente nas ruas em várias histórias, como a de Luciana, a nossa poetisa das ruas. Conheça a sua história que contamos no SP Invisível e o bastidor aqui no blog.

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Luciana Letícia, a Poetisa das ruas

No dia 26 de março fomos ao centro de São Paulo: andamos pela República, passamos em baixo do Viaduto do Chá e lá foi onde encontramos umas das histórias mais ricas contadas no SP Invisível.

Havia alguns moradores de rua ainda dormindo, mas logo reparamos que estava sendo gravada uma cena de novela por perto. Nos aproximamos de alguns deles que prestavam atenção na gravação, cumprimentamos todos. Uma das pessoas que conversamos estava um pouco assustada com o grupo, mas nos cumprimenta e diz seu nome, Luciana Letícia. Com um olhar curioso perguntou quem nós éramos.

Explicamos que somos do movimento SP Invisível e o nosso objetivo é humanizar o olhar das pessoas e conscientizar a sociedade, contando histórias de pessoas como ela, que vivem na rua por algum motivo.

Luciana Letícia e seu marido no Vale do Anhangabaú.– Vocês são estudantes? Trabalham com redação? Muito legal gente, em meio de tantas coisas, vocês resolveram falar de moradores de rua. Eu também gosto de escrever, faço poesia e quero ser escritora. Mas a minha história daria um livro! E quero contar, mas só quando eu fizer o meu.

Luciana contou que está grávida de 4 meses e só voltou para rua porque seu marido estava com dificuldades em arranjar emprego. Aliás, era notável o quão apaixonada Luciana era pelo marido. Ela pedia para o fotógrafo tirar fotos dos dois juntos e queria aquelas fotos de recordação em um álbum. Nós nos comprometemos em levar as fotos até ela na próxima semana.

Espero vocês aqui!

Quando Luciana falou que gostava de escrever poesias, ficamos interessados em ouvi-la e pedimos que ela recitasse alguma. Ela ficou envergonhada com o pedido e com uma tristeza no olhar.

Luciana contou que havia perdido uma pasta com mais de 80 poesias autorais, além de estar a algum tempo sem escrever. Mas, com um sorriso no rosto recitou uma poesia da qual se lembrava. Ficamos sensibilizados, sua voz e a melancolia expressada nos encantou. O marido de Luciana ficou visivelmente emocionado.

“Luciana contou que está grávida de 4 meses e só voltou para rua porque seu marido estava com dificuldades em arranjar emprego”

– Quero voltar a escrever, não tenho o material mas pretendo voltar. Sabe, esses dias eu estava andando pelo Terminal Bandeira e encontrei esse panfleto, é uma poesia sobre Mãe e Filho, isso vem me motivando a voltar a escrever. Texto de Júlio Monteiro, “Mãe e Filho” que inspirou Luciana a voltar escrever poesias. Luciana disse que a poesia era uma forma de se expressar e colocar sentimentos, sejam eles de raiva, tristeza, ódio ou alegria e transformar em arte.

Poesia é uma coisa bonita!

Quando acabamos, ela agradeceu as fotos e a atenção.

Já nós, saímos de lá com esperança de que Luciana realize seu sonho de ser escritora e que, quem sabe, um dia possamos ler o seu livro e descobrir toda a sua história de luta.

Texto escrito por Angel Pinheiro contando a sua primeira experiência como voluntário do SP Invisível.

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