O que é aporofobia?
Conheça o significado desse termo frequentemente utilizado pelo padre Julio Lancellotti em suas publicações nas redes sociais.
“Aporofobia” é um neologismo, ou seja, é uma palavra criada. O termo foi idealizado e formalizado pela filósofa espanhola Adela Cortina, autora do livro “Aporofobia, a aversão ao pobre: um desafio para a democracia”. A origem do termo é a junção do prefixo grego “aporos”, que quer dizer pobre, desamparado e o sufixo “fobia” que significa aversão, repulsa.
Segundo a autora:
“Aporofobia é o desprezo pelo pobre, o rechaço a quem não pode entregar nada em troca, ou, ao menos, parece não poder. E por isso é excluído de um mundo construído sobre o contrato político, econômico ou social desse mundo de dar e receber, no qual só podem entrar os que parecem ter algo de interessante para dar em retorno. […] A aporofobia é um atentado diário, quase invisível, contra a dignidade, o bem-estar social e o bem-estar das pessoas”.
Reprodução: padrejulio.lancellotti
O padre Julio Lancellotti popularizou o uso desse termo que designa a aversão à pobreza em suas publicações nas redes sociais para denunciar espaços ou estabelecimentos ao redor do Brasil que utilizam arquitetura hostil ou quaisquer artifícios que impeçam ou dificultem o acesso da população de baixa renda ou em situação de rua a locais públicos.
Como um representante da luta pela visibilidade das pautas relacionadas à população em situação de rua, Julio Lancellotti emprega bem o termo para demonstrar o que a sociedade mais oferece às pessoas marginalizadas que se encontram em extrema pobreza e nas calçadas da cidade: aversão, rejeição e repulsa. Essa é uma tendência histórica e está enraizada na estrutura social.
Como bem diz Adela Cortina:
“A rejeição ao pobre é mais extensa e profunda do que os demais tipos de aversão e é uma realidade pessoal e social contundente.”
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Fonte: Adela Cortina. Aporofobia, a aversão ao pobre: um desafio para a democracia (2020)