Nesta data símbolo da luta por igualdade de gênero, reflita: como é a vida das mulheres que vivem em situação de rua?

Hoje, 8 de março, mais que comemorar o Dia Internacional da Mulher, devemos nos lembrar do significado e simbolismo dessa data tão importante: a luta das mulheres por igualdade de gênero. Como pontua a socióloga Eva Blay:
“Esse dia tem uma importância histórica porque levantou um problema que não foi resolvido. A desigualdade de gênero permanece até hoje. [...] Já faz mais de cem anos que isso foi levantado e é bom continuarmos reclamando, porque os problemas persistem. Historicamente, isso é fundamental.”
Ser mulher representa um risco por si só. A cultura machista enraizada na sociedade naturalizou atitudes, pensamentos e comportamentos que ameacem, desmereçam, violem ou causem constrangimento às mulheres pelo simples fato de serem quem são.
Infelizmente, episódios de assédio, violência física, psicológica, moral, sexual e patrimonial contra mulheres são extremamente comuns. Esse cenário se tornou ainda pior com o advento da pandemia de COVID-19: a permanência de todos os membros da família em casa intensificou as dificuldades de convivência e fez com que os casos de violência doméstica crescessem exponencialmente.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022:
“Apenas entre março de 2020, mês que marca o início da pandemia de covid-19 no país, e dezembro de 2021, último mês com dados disponíveis, foram 2.451 feminicídios e 100.398 casos de estupro e estupro de vulnerável de vítimas do gênero feminino”.

Reprodução: streetmemoriesgallery
Na tentativa de fugir de relacionamentos abusivos, muitas vítimas terminam em situação de rua. De acordo com os resultados divulgados pelo último censo da população em situação de rua, a população feminina cresceu e constituiu 14,6% das pessoas entrevistadas, enquanto 85,5% são do sexo masculino.
A vida nesse ambiente extremamente masculinizado faz com que as mulheres estejam ainda mais sujeitas a sofrerem algum tipo de violência. Por essa razão, elas adotam táticas para sobreviver a essa dura realidade. Muitas se envolvem com homens para se sentirem mais seguras e respeitas, entretanto, acabam sofrendo os mesmos tipos de violência que sofriam no ambiente doméstico, por exemplo. A figura que oferece proteção é a mesma que representa uma ameaça diária.
O ciclo de opressão contra a mulher é interminável. O machismo perpassa diversas esferas sociais e violenta e mata mulheres diariamente. Não só hoje, mas todos os dias são de luta para as mulheres.
“A violência, em suas diferentes formas, segue como um dos principais obstáculos ao empoderamento feminino e, mais do que celebrar o mês da mulher, precisamos de políticas públicas capazes de preservar e garantir condições básicas de vida para meninas e mulheres, livres da violência endêmica que continua a atingi-las”.
Em cada mulher, uma história de luta e resistência.
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Fontes: G1
Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2022)
Censo da População em situação de rua (2022)